Conseguir comunicar-se ainda é um desafio para mais de 5% da população brasileira. Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos apresenta programa que capacita e incentiva estudantes de Medicina a aprenderem Libras
Segundo censo realizado em 2010 pelo IBGE, aproximadamente 9,7 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva, o que representa 5,1% da população. Deste total, cerca de 2 milhões possuem a deficiência auditiva severa (1,7 milhões têm grande dificuldade para ouvir e 344,2 mil são surdos), e 7,5 milhões apresentam alguma dificuldade auditiva. Em um país com um número tão significativo de pessoas com dificuldade para ouvir, o conhecimento de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais – torna-se cada vez mais necessário. A área da saúde, em específico, é uma das mais carentes de profissionais que tenham a habilidade de comunicar-se com este público.
Entrar em um consultório e conseguir transmitir para o médico o que sente, quais são seus sintomas e também conseguir entender qual o diagnóstico e tratamento receitado ainda é uma realidade distante para a maior parte desta população. A Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata – FACISB – tem em seu curso de Medicina como atividade complementar o curso de Introdução à Libras.
As aulas são oferecidas na própria FACISB sob coordenação da docente Rosimeire Ferreira Mendes, responsável pelas atividades de extensão e cultura.
“Para a pessoa com deficiência auditiva ir ao médico sozinha significa ter autonomia, é poder conversar sobre situações totalmente pessoais sem necessitar de um interlocutor. É esta possibilidade de transformar a realidade das pessoas que queremos que nossos alunos carreguem para toda a vida”, declarou Rosimeire. Ainda de acordo com a docente, a instituição busca chamar bastante atenção para a causa, auxiliando o futuro profissional a estar apto para prestar assistência a todas as pessoas, inclusive àquelas que apresentam algum tipo de deficiência. “Como temos um programa pautado na formação do médico generalista, crítico e reflexivo, incentivamos nossos alunos a participarem de atividades voltadas à comunidade e cada vez mais, eles também estão buscando esse desenvolvimento porque já percebem a importância do olhar sobre as diferenças. São profissionais da saúde e a saúde precisa ser um direito de todos”, continua Rosimeire.
O primeiro curso aconteceu em 2012 e desde então 113 futuros médicos já passaram pela capacitação. A expectativa para a turma deste semestre, cujas aulas começam ainda em março, é reunir cerca de 20 alunos. Ao final de cada módulo são realizadas uma ações sociais envolvendo a comunidade de surdos de Barretos.
Já foram realizados (em libras) pelos alunos: Seminário com o tema – A evolução da espécie, aula de Anatomia do Corpo Humano no laboratório da Faculdade, apresentação do Coral de Surdos durante a Semana de Luta da Pessoa com Deficiência e ainda a gravação de um programa na TV Barretos, emissora local, ensinando os telespectadores a utilizar a Língua Brasileira de Sinais.